MEMÓRIA
I Workshop de Aquisição da Linguagem
(UFBA, Instituto de Letras)
Resumos das sessões de comunicação






SESSÃO A

Data: 04/10/2017
Horário: 10:20 a 12:00
Local: Auditório (PAF III)

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ESCOLA INCLUSIVA OU ESCOLA BILÍNGUE PARA SURDOS: REFLEXÃO SOBRE O AMBIENTE MAIS PROPICIO PARA AQUISIÇÃO DA L1 DAS CRIANÇAS SURDAS NOS PRIMEIROS ANOS ESCOLARES EM SALVADOR
Isadele Ferreira de Souza Lopes (Dom Pedro)
Nanci Araújo Bento (UFBA/AESOS)

O presente trabalho é um recorte de um Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia. O objetivo principal é refletir acerca do ambiente escolar (escola inclusiva ou especial) que oferece melhores condições para aquisição da L1 pelas crianças surdas em Salvador. Este trabalho foi realizado com estudantes surdos em uma Escola inclusiva e em uma Escola bilíngue que atendem surdos da educação infantil ao ensino fundamental I, em Salvador. A metodologia escolhida foi o estudo de caso visando responder : Qual o ambiente mais propicio para aquisição da L1 das crianças surdas nos primeiros anos escolares em Salvador? Tomando como base teórica autores como Quadros (1997) e Sá (2011). A pesquisa apontou o quão é importante que as crianças surdas nos primeiros anos escolares estudem em escolas de fato bilíngues e que estas sejam espaços ricos de experiências linguísticas para que as crianças surdas desenvolvam naturalmente a língua gesto-visual."

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PRÁTICAS DE ENSINO DE LIBRAS NA EJA
Débora Cassiane de Vargas Araújo (UERGS/UFRGS)
Vinícius Martins Flores (UFRGS)

O presente trabalho tem como objetivo analisar as atitudes linguísticas dos discentes da EJA sobre a Libras. Para o desenvolvimento do estudo, utilizou-se da metodologia de pesquisa-ação, onde oficinas de Libras foram ofertadas em duas turmas de EJA em nível de alfabetização. O estudo sugere que é possível discutir sobre bilinguismo, que este tema oportuniza um novo olhar ao estudante. Além disso, na questão de aprendizagem, os alunos conseguiam aprender sinais, fazer as atividades e compreendiam as diferenças linguísticas e culturais entre surdos e ouvintes. Assim fortalecendo a ideia de que os cidadãos são diferentes criando uma sociedade plural. O valor agregado ao trabalho foi que os participantes tiveram a oportunidade de enxergar o surdo como um indivíduo pertencente a sociedade, encontrando na aprendizagem da Língua de Sinais uma forma de se comunicar com os mesmos.

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UMA ANÁLISE DA CATEGORIA TEMPO NA AQUISIÇÃO DO PORTUGUÊS ESCRITO POR SURDOS
Marcelo Meira Alves (UESB)
Adriana Stella Cardoso Lessa-De-Oliveira (UESB)

O presente estudo tem como objeto a categoria tempo na aquisição do Português escrito (interlíngua) por surdos. Para investigar este objeto, fundamentamo-nos no quadro teórico gerativista, admitindo a hipótese inatista de aquisição da linguagem. No âmbito da aquisição de segunda língua, na perspectiva inatista, assumimos a hipótese de acesso parcial à Gramática Universal. E levantamos, a partir de Finau (2008), Silva (2015) e Silva e Lessa-de-Oliveira (2016), a hipótese de que os surdos apesentam em suas produções escritas do Português, em certos contextos, a categoria adverbial como marcador principal do tempo, semelhantemente ao operador de tempo em Libras. Nosso corpus se constitui de amostras naturalísticas – textos produzidos em ambiente escolar ordinário. Resultados parciais deste estudo indicam ocorrência, na interlíngua estudada, de operadores temporais específicos – os itens lexicais ‘passado’ e ‘futuro’, além de advérbios e orações com valor de operadores de tempo, confirmando, em certa medida, nossa hipótese.

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AQUISIÇÃO DAS CATEGORIAS NOME E VERBO POR SURDOS: A ESCRITA DA INTERLÍNGUA PORTUGUÊS-LIBRAS
Wasley de Jesus Santos (UESB)
Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira (UESB)

Esta pesquisa em andamento objetiva investigar os traços categoriais na aquisição da escrita da interlíngua Português Brasileiro-Libras por surdos. Embasamo-nos teoricamente no Gerativismo e na perspectiva inatista de aquisição de linguagem. Formulamos a hipótese de que os surdos se pautam em estratégias sintáticas e ignoram os aspectos morfológicos da língua-alvo, devido à quase ausência de distinção morfofonológica de muitas categorias em sua língua nativa. Selecionamos quatro informantes surdos adultos usuários de Libras e com experiência acadêmica de contato com a escrita da língua-alvo. Os dados da pesquisa até então apontam para uma expressa dificuldade na aquisição das categorias gramaticais da L2 pelos informantes pesquisados, tendo em vista a ocorrência de muitas divergências morfossintáticas na interlíngua, como, por exemplo, a ocorrência de formas verbais no lugar de nomes e vice-versa. Tais dados têm indicado a confirmação de nossa hipótese, restando analisar qual a abrangência dessa indistinção nos dados.
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SESSÃO B

Data: 04/10/2017
Horário: 16:20 a 18:00
Local: Auditório (PAF III)

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CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM TRÊS SUJEITOS DE BAIXA RENDA, PROCEDENTES DE SALVADOR, NA FAIXA ETÁRIA DE DEZ ANOS.
Hannara Fenise de Oliveira Santos (UEFS)
Vera Pedreira dos Santos Pepe (UEFS)

O objetivo dessa pesquisa foi analisar a consciência fonológica em três crianças de baixa renda de Salvador-BA. A consciência fonológica é a capacidade que o indivíduo tem para perceber a natureza segmentada da fala, e para manipular as unidades sonoras (sílabas, fonemas e rimas). Essa habilidade facilita a aquisição da leitura e da escrita (Moojen, 2003).  Esta pesquisa tem por finalidade: Traçar o perfil linguístico de sujeitos de dez anos em tarefas de consciência fonológica, analisar o desempenho dos sujeitos em tarefas de consciência fonológica nos níveis da sílaba e do fonema, identificar as estratégias linguísticas utilizadas pelos sujeitos para acertarem as tarefas de consciência fonológica e elaborar uma escala dos graus de dificuldade das tarefas executadas.  Em um dos sujeitos já analisados foi obtido uma média de acerto de 90% no nível da sílaba e 76%  no nível do fonema.
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AUXÍLIO TECNOLÓGICO NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES DE CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA EM ESCOLARES COM DIFICULDADES NO APRENDIZADO INICIAL DA LEITURA E DA ESCRITA – UM ESTUDO EM ANDAMENTO
Denise Viana Silva (UESB)
Ronei Guaresi (UESB)

O presente estudo, em fase de levantamento bibliográfico e norteado pelos fundamentos da Psicolinguística e da Psicologia Cognitiva, pretende avaliar a eficácia do software LEGERE no desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica e na performance de apropriação do sistema alfabético de representação escrita em Língua Portuguesa como língua materna em escolares com dificuldades no aprendizado inicial da leitura e da escrita. Apesar das evidências da sua forte relação com tal aprendizado, ainda são poucos os recursos tecnológicos computadorizados que trabalham especificamente com o desenvolvimento da consciência fonológica em Português brasileiro. Os avanços nas técnicas neurocientíficas possibilitaram a descoberta de uma subativação do lobo temporal esquerdo em casos de dificuldade acentuada no aprendizado em leitura e escrita. Acredita-se que a repetição diária e contínua do software avaliado, por meio de atividades que promovam a consciência fonológica, favoreça essa habilidade e, consequentemente, a apropriação dos conhecimentos das correspondências entre fonemas e grafemas.
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PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE LEITURA E ESCRITA DA LIBRAS POR ALUNOS OUVINTES EM UM CURSO ONLINE
Madson Barros Barreto (Universidade da Libras)
Raquel Tibúrcio Rosa Barreto (UFSC/ Universidade da Libras)

É possível ler e escrever sinais e textos em qualquer língua de sinais do mundo através da ELS (Escrita das Línguas de Sinais - SignWriting). Visando difundir essa escrita por todo o país, criamos o curso online “Libras Escrita Passo a Passo” com 70h/aula. O curso atende 78 alunos oriundos de mais de 16 dos 26 estados brasileiros mais uma aula de Portugal. Por meio de vídeo-aulas, ensinamos a ELS com mais de 875 exemplos da Língua Brasileira de Sinais (Libras), associando seus grafemas e ortografia a tópicos linguísticos e utilizando técnicas de estudo e memorização. Os alunos avançam de forma autônoma por todo o curso, com atividades práticas de leitura e escrita, gabaritos e as respectivas orientações detalhadas em vídeo permeadas pela motivação e bom humor. Assim, desenvolvem habilidades de leitura e escrita de sinais e textos no papel e no computador; transcrição, tradução, revisão de textos, dentre outras.
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AQUISIÇÃO DE LEITURA E ESCRITA DA LIBRAS POR SUJEITOS SURDOS
Raquel Tibúrcio Rosa Barreto (UFSC/ Universidade da Libras)
Madson Barros Barreto (Universidade da Libras)

A alfabetização consiste basicamente no ensino da codificação-decodificação de grafemas e fonemas de uma língua. Porém, o processo tradicional leva sujeitos surdos à descontinuidade entre seu pensamento e fala em Língua de Sinais (LS), e a escrita na Língua Oral (LO) (CAPOVILLA et al., 2006). Faz-se necessário que adquiram a escrita de sua própria LS em um código linguístico naturalmente acessível, como a ELS (Escrita das Línguas de Sinais - SignWriting). Criada em 1974, atualmente é utilizada para escrever mais de 40 LS em todo o mundo. Inúmeras pesquisas brasileiras e internacionais revelam que os surdos conseguem rapidamente fazer conexão entre a ELS e suas LS, ampliam sua percepção e produção linguística, e adquirem mais facilmente a escrita da LO, dentre inúmeros outros benefícios (BARRETO & BARRETO, 2015). Tudo isso, vai de encontro aos estudos de Crystal (2006) sobre o processo de aquisição de leitura e escrita em qualquer língua.
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LIVRO DIDÁTICO E CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA: ANÁLISE DA COLEÇÃO "EU GOSTO"
Claudia Tereza Sobrinho da Silva (UFBA)
Larissa de Jesus Monteiro (UFBA)
Jamile Nayara Barros Rodrigues (UFBA)


A consciência fonológica tem sido bastante estudada ultimamente, já que a sua importância para o processo de alfabetização tem sido muito discutida.  O objetivo do presente trabalho é verificar se são propostas atividades nos livros didáticos que estimulem a consciência fonológica, permitindo ao aluno refletir sobre as palavras e os sons da língua de forma consciente. Para tanto, serão analisadas as atividades presentes nos livros didáticos de língua portuguesa Letramento e Alfabetização do 1º ao 3º ano do ensino fundamental, da coleção Eu gosto (PASSOS; SILVA, 2014), aprovado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Buscamos responder a três questões gerais: são propostas atividades voltadas para o desenvolvimento das sub-habilidades de consciência fonológica? Que atividades são propostas para o desenvolvimento de habilidades envolvendo os níveis silábico, intrassilábico e fonológico? Como essas atividades de organizam, em termo de hierarquia, por entre os três primeiros anos do Ensino Fundamental 1?
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RELAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO DA FLUÊNCIA E DA COMPREENSÃO
Cristiane Vieira Costa Abreu (UESB)
Ronei Guaresi (UESB)

O presente estudo pretende, numa abordagem psicolinguística,  avaliar a fluência na leitura e a correlação com a compreensão do texto. Os dados que constituirão o corpus dessa pesquisa é de caráter transversal, eles serão coletados observando os elementos relacionados ao tempo, velocidade, precisão e entonação na  leitura  para a avaliação da fluência e os dados para a avaliação da compreensão serão coletados por meio de questões abertas a partir do texto lido. Os sujeitos-informantes serão compostos por escolares do 4º ano do ensino fundamental matriculados na rede pública de ensino.
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SESSÃO C

Data: 04/10/2017
Horário: 16:20 a 18:00
Local: Sala de Videoconferência (PAF III)


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AQUISIÇÃO DAS CATEGORIAS NOME E VERBO NA LIBRAS
Ediélia Lavras dos Santos Santana (UESB)
Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira

Este estudo objetiva investigar aspectos morfossintáticos que definem as categorias gramaticais da libras. Focalizamos as categorias Nome e Verbo, adquiridas por surdos e ouvintes, nos períodos críticos e tardios, com base em corpora advindos de testes de compreensão e elucidação, realizados por 10 surdos, filhos de pais ouvintes, que adquiriram a libras tanto no período crítico como tardio e 10 usuários de libras ouvintes que aprenderam libras como L2. Como hipótese assumimos que as categorias Nome e Verbo em libras não se distinguem morfo(fono)logicamente, pois sendo a libras uma língua que não delineia explicitamente uma distinção entre Nome e Verbo morfo(fono)logicamente, seus usuários tendem a diferenciar tais categorias sintaticamente. Para constituição do arcabouço teórico, fundamentamo-nos na teoria gerativa (CHOMSKY, 1995), em estudos a respeito da gramática da libras (SUPALLA; NEWPORT,1978; FERREIRA-BRITO, 1995; QUADROS; KARNNOP, 2004; ZESHAN, 2006; PIZZIO, 2011) e a respeito da aquisição da linguagem (KATO, 1995; AUGUSTO, 2007).

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AQUISIÇÃO DE PORTUGUÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA POR ALUNOS SURDOS: UMA ESTRATÉGIA METODOLÓGICA PARA LEITURA DE TEXTOS APLICADA EM DIFERENTES CONTEXTOS
Claudiane Silva Soares (UFBA)

O presente artigo tem como objetivo relatar experiências a partir do trabalho de leitura de textos em língua portuguesa  com alunos surdos. O trabalho desenvolvido foi intermediado pela estratégia metodológica “roteiro de leitura” proposta por Sueli Fernandes (2006) e realizado em dois diferentes contextos educacionais -  escola inclusiva e escola especial para surdos.  Foram analisados dois casos, um em cada contexto educacional,  considerando aspectos como o nível de aquisição da primeira língua; relação entre o nível de aquisição da primeira língua e aplicação da metodologia;  realização da leitura “independente” pelo aluno. A partir da análise desses aspectos foi verificado que a estratégia metodológica utilizada contribuiu para o trabalho com leitura e, consequentemente, para a aquisição da língua portuguesa na modalidade escrita tanto para o aluno surdo fluente em língua de sinais, como também para aquele que está em processo inicial de aquisição dessa língua.
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LIVRO DIDÁTICO PARA SURDOS: A TRADUÇÃO DO ORIGINAL
Sandy Mary Azevedo Bonatti (UERGS/UFRGS)
Vinícius Martins Flores

A presente pesquisa é uma análise documental com o objetivo de proporcionar uma reflexão acerca da tradução de livros didáticos para o ensino de surdos. Partindo do princípio de que os livros didáticos no Brasil atualmente são escolhidos pelos professores e sua aquisição e distribuição são feitas por meio do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), sentiu-se a necessidade de averiguar como são os livros didáticos direcionados para o ensino de surdos no espaço inclusivo. Para tal, foram analisados dois livros de ensino de Língua Portuguesa para 4º e 5º ano que foram distribuídos nacionalmente. Ao final das análises percebeu-se que os livros didáticos para o ensino de surdos exibem características especificas, que necessitam de um olhar diferenciado que considere a Libras como a primeira língua de instrução do aluno surdo.
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A LITERATURA SURDA E A APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS BRASILEIRO ESCRITO
Ivana Nilza Pigozzo de Oliveira (UERGS/UFRGS)
Vinícius Martins Flores


O presente trabalho apresenta um recorte de pesquisa sobre o papel da Literatura Surda como instrumento de aquisição de vocabulário de Língua Portuguesa como segunda língua para alunos surdos em escolas com classe especial. Com o objetivo de identificar qual a relação das modalidades de registro das línguas que podem interferir no reconhecimento da palavra escrita em Português Brasileiro. A pesquisa é um estudo piloto, do tipo quase experimental de cunho exploratório, utilizando dados quantitativos para analisar o processo de retenção de vocabulário na modalidade escrita em Português Brasileiro. Os resultados iniciais demonstram que a Literatura Surda possui um impacto consistente e direto no ensino de segunda língua para surdos, evidenciando a necessidade do bom conhecimento da Libras pelos professores ouvintes que intermediam o aprendizado do aluno surdo.
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SESSÃO D

Data: 05/10/2017
Horário: 10:20 a 12:00
Local: Auditório (PAF III)




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AQUISIÇÃO DE DETERMINANTES NA ESCRITA DA L2 DE SURDOS ADULTOS DO ENSINO SUPERIOR
Lucília Santos da França Lopes (UESB)
Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira (UESB)

Este estudo investiga a aquisição da categoria dos Determinantes na interlíngua português-libras, na escrita de surdos adultos (nível superior).  Tomamos o quadro teórico gerativista como fundamento para análise e discussão de nossos resultados.  Os corpora  se constituem de dois tipos de dados: (I) produções escritas de surdos do ensino superior; (II) produções escritas de surdos do ensino médio, como grupo de controle. Analisamos se a apropriação de maior quantidade de textos escritos constitui input favorável à aquisição de Determinantes. Resultados parciais confirmam nossa hipótese, mas apontam a necessidade de explicar como se distinguem, na aquisição, definidos de nominais nus, levando-se em consideração o traço de definitude presente em Determinantes, nas línguas naturais.
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A PRODUÇÃO DO VOT DO INGLÊS-L2 POR BILÍNGUES INTEGRADOS
Felipe Flores Kupske (UFBA)

Em uma perspectiva complexa da linguagem, este estudo explora a correlação entre tempo de residência (TR) em Londres e a produção das oclusivas surdas do inglês em início de palavra por bilíngues tardios e que têm uma motivação integrativa em relação à língua e à cultura da L2. Para tanto, 12 imigrantes sul-brasileiros são comparados a 10 monolíngues do inglês londrino (Standard Southern British English). A análise acústica da duração do VOT é relatada. Os resultados demonstraram que os valores de VOT do inglês pelos imigrantes são positivamente correlacionados com TR. Os bilíngues com os maiores TR revelaram um VOT não diferente da produção nativa. Essas descobertas servem  como evidências da língua como um Sistema Complexo e para a hipótese de que a neuroplasticidade e os mecanismos cognitivos para o desenvolvimento de linguagem permanecem intactos durante toda a vida de um falante.
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A AQUISIÇÃO DO ARTIGO DEFINIDO EM L2
Stefanie Martin (UNIFESP)

Decidiu-se investigar o porquê nativos do Português Brasileiro não adquirem plenamente o artigo definido the em sua L2. Esta pesquisa procura responder a essa questão baseada nas ideias que estão encampadas na literatura gerativa (Chomsky 1965, 1986) e toma por base as prerrogativas da teoria de Princípios e Parâmetros para análise de aquisição de L2 (White 1998, 2003). A minha hipótese e o que os meus resultados parciais têm mostrado é que a complexidade da aquisição do the esteja relacionada à computação dos traços não interpretáveis de definitude e de especificidade do artigo.
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ESTRANGEIROS NO IFBA CAMPUS DE SALVADOR: AQUISIÇÃO DO PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
Erika Fonseca Maciel (IFBA)
Lucélia Ramos Alcântara (IFBA)
João Cléber Silva Cruz Rocha (IFBA)

A Língua Portuguesa vem, cada vez mais, ganhando destaque no cenário da aquisição/aprendizagem de línguas por estrangeiros das mais diversas partes do mundo.  Em vista disso, e através do seu Centro de Idiomas, o IFBA Campus Salvador vem recebendo alunos estrangeiros, do Ensino Médio, para cursar o 2º ano Médio Integrado, ao tempo em que realiza aulas de português voltadas especificamente para eles. Além do aprendizado formal, em sala de aula, os alunos vivenciam situações reais de interação com os outros estudantes do instituto, movimentando e modificando o cenário escolar, e gerando o interesse pelo aprendizado de línguas estrangeiras, com o objetivo de que a comunicação e interação se estabeleçam. Assim, através das aulas de português como segunda língua, proporcionamos a ampliação da competência comunicativa intercultural dos intercambistas estrangeiros, bem como dos alunos da comunidade do Campus de Salvador.
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ANÁLISE PRELIMINAR DAS OCORRÊNCIAS DE INTERLÍNGUA NA FALA DE CRIANÇAS APRENDENDO INGLÊS NA CRECHE BEM-QUERER-UESB
João Pedro Santana Luciano da Silva (UESB)
Joceli Rocha Lima (UESB)

Este estudo busca analisar as ocorrências de interlíngua na fala das crianças participantes do projeto de pesquisa POACE Project – Promovendo Comunicação Oral em Inglês: Projeto Creche, na Creche Bem-Querer UESB/VCA, cujo objetivo é analisar o processo de aprendizagem da língua inglesa por crianças menores de 5 anos. A interlíngua refere-se à influência das diversas habilidades linguísticas da primeira língua (LM/L1) sobre a língua adicional (LA), inclusive no aspecto fonológico. Apesar de alguns autores relacionarem os fenômenos interfonológicos aos conceitos de L1 e L2 (segunda língua), aqui o adaptamos às noções de LM/L1 e LA (ou língua estrangeira-LE), afinal as crianças-participantes do projeto estão aprendendo uma segunda língua durante a fase de aquisição do português. A análise inicial das produções orais das crianças tem mostrado ocorrências nos níveis lexical e fonológico.
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A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIC NA BAHIA: DISCUSSÃO SOBRE OS CONTEXTOS DE FORMAÇÃO DESSE PROFISSIONAL PARA O TRATO COM O APRENDIZADO DO INGLÊS EM  FASE DE AQUISIÇÃO DO PORTUGUÊS.
Jamilly da Silva Oliveira (UESB)
Joceli Rocha Lima (UESB)

Este trabalho propõe (re)pensar a formação dos professores de língua inglesa para crianças, uma vez que os licenciados em Inglês não recebem instrução para o trabalho com Educação Infantil, e os pedagogos, preparados para lidar com o público infantil, não recebem conhecimento teórico-metodológico para o ensino da língua. Esta análise está inserida no projeto de pesquisa POACE Project – Promovendo Comunicação Oral em Inglês: Projeto Creche, na Creche Bem-Querer UESB/VCA, cujo objetivo é analisar o processo de aprendizagem da língua inglesa por crianças menores de 5 anos. Esta análise pretende identificar componentes que contemplem o ensino de língua inglesa para crianças (LIC), a partir da análise das grades curriculares dos cursos de Letras na Bahia, com base nos questionamentos de TONELLI (2010), em estudo semelhante. Aqui, buscar-se-á ampliar a discussão para a necessidade de conhecimento, pelo professor, dos processos de ensino-aprendizagem de línguas por crianças que estão adquirindo sua primeira língua.
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SESSÃO E

Data: 05/10/2017
Horário: 10:20 a 12:00
Local: Sala de Videoconferência (PAF III)



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CONSTITUIÇÃO DA DÊIXIS NA ATENÇÃO CONJUNTA VIRTUAL: A REFERÊNCIA LINGUÍSTICA NA AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Heitor Augusto de Farias Oliveira (IFPB)
José Moacir Soares da Costa Filho

Este trabalho se propõe a analisar a constituição da referência linguística desenvolvida pela criança durante interações de atenção conjunta virtual com o jogo Mimi©, desenvolvido para tablets, a fim de identificar de que maneira, no processo de aquisição de linguagem, desenvolve-se a dêixis. Para tanto, foram analisadas sessões filmadas em vídeo com duas crianças, de 2 a 4 anos, idades em que começa e se consolida a noção de referência linguística (CAIRNS, 1991), nas quais as crianças jogaram com o aplicativo mencionado. Caracterizamos o espaço interacional com base nas contribuições de Costa Filho (2016) e Tomasello (2003) para a atenção conjunta virtual, e o fenômeno dêitico de acordo com Bühler (1990), que estabelece uma percepção corporeificada do ato referencial. Análises preliminares mostram que a atenção conjunta virtual configura-se como lócus onde emergem produções referenciais, de forma verbal e gestual, simultaneamente.
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AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM E REFERÊNCIA MULTIMODAL NA ATENÇÃO CONJUNTA
Welma Geane Rodrigues dos Santos (IFPB)
Neilson Alves de Medeiros

Este trabalho tem o objetivo de analisar como a noção de referência linguística (pessoa, espaço e tempo) se consolida nas interações de atenção conjunta dentro dos estudos da aquisição da linguagem em uma perspectiva multimodal. Para tanto analisamos dados de atenção conjunta de uma criança de 3 anos, assistindo ao desenho animado Pocoyo na companhia da mãe. Analisamos nesses dados como as produções verbais e gestuais compõem a atenção conjunta e como emergem as noções de referência linguística. Temos como principais aportes teóricos Costa Filho (2016) e Tomasello (2003), que trabalham a noção de atenção conjunta, e Diessel (2006), com a noção de referência linguística. Análises iniciais mostram que as noções de referência linguística da criança em período de aquisição da linguagem se consolidam dentro do processo de atenção conjunta.
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O PAPEL DA ATENÇÃO CONJUNTA NA CONSOLIDAÇÃO DA REFERÊNCIA LINGUÍSTICA INFANTIL
Jéssica de Souza Morais (IFPB)
José Moacir Soares da Costa Filho
Denize de Oliveira Araújo

Este trabalho tem como objetivo investigar de que forma a atenção conjunta auxilia na consolidação da referência linguística durante o processo de aquisição de linguagem. Para tanto, analisamos dados em vídeo de interações de atenção conjunta entre uma díade mãe-criança na faixa etária de 3 a 4 anos. Tomamos como base os fundamentos teóricos de Bruner (1975; 1983), Tomasello (2003) e Costa Filho (2016), sobre atenção conjunta na aquisição da linguagem, e Diessel (2006), sobre a referência linguística. As análises destacam a consolidação das noções linguístico-referenciais a partir da interação de atenção conjunta entre os sujeitos envolvidos.
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SINCRONIA EM GESTOS METAFÓRICOS E PROSÓDIA EM AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Ully Barbosa Meireles (UFPB)
Laíse de Lima Nunes (UFPB)
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante (UFPB)

O presente estudo tem como objetivo discutir o contínuo gestuo-vocal juntamente com a tipologia prosódico-vocal, através de uma análise multimodal. Desse modo, traremos como arcabouço teórico paras essas contribuições, as tipologias gestuais proposta por Kendon (1982). A partir dessas tipologias, iremos focalizar os gestos metafóricos – expressões abstratas, atrelados a tipologia prosódico-vocal, apresentada por Silva (2014). Para comprovarmos a sincronia facilitadora no processo de adquirir a fala, apresentaremos dados de uma criança com a faixa etária entre 12 meses e 18 meses de vida em momentos interativos com o adulto. Os resultados apontam para a comprovação da presença do gesto metafórico, assim como, dos outros gestos atrelados a produção oralizada.

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SESSÃO F

Data: 05/10/2017
Horário: 16:20 a 18:
Local: Auditório (PAF III)


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SINCRONIA EM GESTOS DÊITICOS E PROSÓDIA EM AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Laíse de Lima Nunes (UFPB)
Ully Barbosa Meireles (UFPB)
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante (UFPB)

Em nossa pesquisa seguimos o viés que envolve a multimodalidade em aquisição da linguagem sob um olhar interacionista (CAVALCANTE, 1994; ÁVILA NÓBREGA, 2010; CAVALCANTE & BRANDÃO, 2012). A perspectiva de McNeill (1985) propõe que gesto e fala se encontram integrados numa mesma matriz de produção e significação. Dentro das tipologias dos gestos proposto por Kendon (1982), estão inseridos os Gestos dêiticos – são os demonstrativos ou direcionais; geralmente acompanham as palavras como “aqui”, “lá”, “isto”, “eu” e “você”. O objetivo consiste em compreender como se dá a relação entre o contínuo gestual e suas subcategorias em ênfase dos gestos dêiticos com a tipologia prosódico-vocal. Os resultados apontam para a sustentação da comunicação nos gestos, pois a criança faz uso dos gestos dêiticos concomitantes com fala no decorrer das 6 sessões analisadas, além disso, o gesto desde é o mais marcante nas sessões, corresponde há 58% dos gestos presentes.
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SINCRONIA GESTOS RITIMADOS E PROSÓDIA EM AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
Keilla Anny Silva Lima (UFPB)
Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante (UFPB)

Neste trabalho temos por objetivo mapear quantitativa e qualitativamente o uso de gestos ritmados aliados à prosódia presente na tipologia vocal e comparar esta relação (gestos ritmados e prosódia). Para isso, analisamos dados videografados de uma díade mãe-bebê entre 10 e 24 meses de vida da criança. Resultados mostram: a holófrase foi o elemento prosódico-vocal que esteve mais presente com 67%. Dos gestos, temos que 60% dos gestos presente são gestos dêiticos, ou seja, um pouco mais da metade e os ritmados correspondem a 23% das produções gestuais. O gesto menos presente foi o metafórico (6%), por ser um gesto que exigem uma maturação linguístico-cognitiva maior da criança, visto que são representações abstratas. Percebemos que os gestos ritmados são concomitantes à produção vocal. Isso ocorre principalmente em contextos mais lúdicos, como brincadeiras e objetos em que a mãe estimule a realização.
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COMPARANDO O PERCURSO DE TEMPLATES NA FALA DE CRIANÇAS GÊMEAS E NÃO-GÊMEAS
Paloma Maraísa Oliveira Carmo (UESB)
Maria de Fátima Almeida Baia (UESB)

Neste trabalho, comparamos o percurso de templates, i.e. padrões sistemáticos de combinação segmental e prosódica, de crianças gêmeas e não gêmeas, adquirindo o português brasileiro (PB) de Vitória da Conquista. Para tanto, assumimos a Teoria dos Sistemas Adaptativos Complexos (THELEN; SMITH, 1994) e da Fonologia de Uso (BYBEE, 2008), segundo as quais o desenvolvimento é entendido como uma representação não estática, plástica e gradual. Para essa comparação, analisamos dados longitudinais de três crianças do sexo feminino, L., Mg. e Bg., com desenvolvimento típico, entre 1;0 a 2;0 anos. Dos dados analisados, observamos que cada criança produz padrões fônicos aplicados em palavras que, embora sejam semelhantes, caracterizam um percurso diferenciado. Por exemplo, L., na sessão 1;0, faz uso do template  CbilabialV.ˈCbilabialV, enquanto que Mg. e Bg. só o produzem o mesmo na sessão 1;3, o que demonstra a  inter-variabilidade no percurso infantil.
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INVESTIGANDO A DISCREPÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO DE DUAS CRIANÇAS GÊMEAS: UM ESTUDO DE CASO
Vanessa Cordeiro de Souza Mattos (UESB)
Maria de Fátima Almeida Baia (UESB)

Neste estudo piloto, analisamos o desenvolvimento da estrutura silábica de duas crianças gêmeas dizigóticas, de 1 a 2 anos – Mg e Bg, adquirindo a variedade do português brasileiro de Vitória da Conquista-BA . O estudo se caracteriza por ser naturalístico longitudinal com coleta realizada com sessões mensais. A interpretação dos dados tem como base o paradigma da Complexidade (THELEN; SMITH;1994; LARSEN-FREEMAN;CAMERON.2008) e foca as semelhanças e diferenças no percurso fonológico de cada criança. Para a análise de elementos extralinguísticos foram utilizados três instrumentos de investigação: anamnese, questionário sobre práticas parentais e o Inventário Portage. Após análise dos dados, observamos discrepância entre as duas crianças em ralação ao número de tokens produzidos ao longo das 12 sessões e desencontro em relação ao tipo de estrutura silábica inicial e à sílaba mais complexa adquirida. A partir dos instrumentos extralinguísticos utilizados identificamos possíveis fatores que parecem afetar o desempenho de Mb e Bg.

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A INFLUÊNCIA DA CHILD-DIRECTED SPEECH NOS TEMPLATES NO DESENVOLVIMENTO FONOLÓGICO DO PB: ESTUDO DE CASO DE CRIANÇAS GÊMEAS E NÃO GÊMEAS
Gláucia Daniele do Prado Ferreira (UESB)
Paloma Maraísa Oliveira Carmo (UESB)


Este estudo tem o objetivo de analisar qual o papel da Child-directed Speech (CDS) no desenvolvimento fonológico de crianças gêmeas e não gêmeas adquirindo o português brasileiro (PB) de Vitória da Conquista – BA.Embora a literatura sobre os templates destaca o papel da CDS (VIHMAN e CROFT, 2007; BAIA, 2014), não há um estudo específico que verifique essa relação. Para tanto, examinamos dados longitudinais de três crianças do sexo feminino, L., Mg. e Bg., com desenvolvimento típico, no período de 1;0 a 2;0 anos. Dessa maneira, foi percebido que no total de 36 sessões analisadas, foram encontrados 22 templates operantes na fala das crianças, havendo apenas relação direta com CDS em 5 casos. Esses resultados nos levam a confirmar, parcialmente, a hipótese de que CDS está diretamente relacionada ao formato fônico dos templates.
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SESSÃO G

Data: 06/10/2017
Horário: 10:20 a 12:00
Local: Auditório (PAF III)


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O PROFESSOR OUVINTE E A FORMAÇÃO LINGUÍSTICA: LIBRAS COMO LÍNGUA DE INSTRUÇÃO
Vinicius Martins Flores (UFRGS)

O presente estudo teve como objetivo geral traçar um panorama da formação linguística bilíngue bimodal e da proficiência em Libras de professores ouvintes que atuam na docência em escolas de surdos e ou escolas com classes especiais para surdos. A amostra final foi composta por professores bilíngues e para análise de dados utilizou-se a correlação de variáveis, sendo: proficiência autoavaliada com qualidade de uso de aspectos gramaticais e escrita de sinais; formação formal e aprendizagem através da experiência docente; e comparação entre grupos com formação de professores para surdos e com formação de TILS. Os resultados sugerem que a formação linguística dos professores seja repensada para contribuir de uma forma mais efetiva na qualidade de uso dos aspectos gramaticais da Libras, bem como aumento da proficiência autoavaliada no ato de ensino-aprendizagem.
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QUESTÕES SOBRE O CORPO NA AQUISIÇÃO E NA CLÍNICA DE LINGUAGEM
Danielle Pinheiro Carvalho Oliveira (UFBA)
Melissa Catrini da Silva (UFBA)
Carla Santos Pimentel

Sabe-se que “corpo” é conceito assumido a partir de diferentes posições interpretativas e que à linguagem, à criança e à relação da criança com a linguagem são reservados vários pontos de vista teórico-epistemológicos. Assim, esse trabalho, à luz do Interacionismo em Aquisição de Linguagem (De Lemos, 2002, 2006), e da Clínica de Linguagem, como proposta por pesquisadores do LAEL/PUCSP, tem como objetivo refletir sobre o corpo na aquisição de linguagem, buscando compreender seu modo de presença nessa área e seus reflexos na configuração de uma Clínica de Linguagem. Esse trabalho reforça a necessidade de problematizar a relação entre aquisição de linguagem e a clínica fonoaudiológica, bem como possibilita promover uma reflexão acerca do corpo biológico e do corpo pulsional, articulado na e pela linguagem, levantando questões sobre a criança e o funcionamento linguístico/discursivo.
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AQUISIÇÃO DE LINGUAGEM E JOGOS SONOROS NA FALA INFANTIL
Glória Maria Monteiro de Carvalho (UNICAP)

Assumimos a proposta segundo a qual, a língua se faria, inicialmente, presente nas verbalizações infantis, por meio do reflexo, ou do eco dos sons da fala materna, na escuta da criança, constituindo-se os chamados jogos sonoros ou jogos de ressonância, na fala infantil. Como consequência, esses jogos consistiriam em um momento de mudança do som ao significante, na trajetória de aquisição de linguagem. Uma análise desses jogos, na fala de uma criança, na relação com a fala de sua mãe, indicou que eles apresentam, não apenas um caráter heterogêneo, mas também, uma tensão entre a semelhança e a diferença, isto é, entre a homofonia e a cadeia verbal. Por meio dessa tensão, pudemos supor que a diferença, os cortes (os encadeamentos verbais) produziriam, na criança, um esquecimento da sonoridade dos significantes, esquecimento considerado necessário para que o infans se torne falante.
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